quarta-feira, outubro 29, 2003

quem sabe?

Tenho estado tão melancólica ultimamente. A roda gigante de sentimentos em que eu vivo anda emperrando na parte de baixo... Eu mesma me assusto com a maneira como eu consigo sair de um estado de euforia pra uma tristeza inexplicável (e vice-versa, por que ninguém é de ferro!).
Um belo dia, há quase um mês atrás, eu chego na sala e encontro Danilo cantando “Quem Sabe�, de Los Hermanos. Sabe quando uma música se encaixa direitinho no que você está sentindo? Pois é: aconteceu. Daí pra eu perder uma aula importantíssima de físico-química pra escrever mais um texto foi um pulo.
Demorei á postar esse aqui. Ele já poderia ter saído da gaveta há muito tempo, mas mexer em ferida recente dói demais. A gente tem que esperar ela cicatrizar, pelo menos um pouquinho...


QUEM SABE?
06/10/03

Atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor. Pelo amor que acabou. Pelo amor não correspondido. Pelo amor que nem chegou a nascer.
Um amor que acabou, pelo menos existiu. E se por qualquer motivo não existe mais, deixou ao menos as lembranças. Um amor não correspondido, por sua vez, vive apenas na imaginação. Não teve nem terá uma existência real. Quem o sente sabe, no fundinho da alma, que não passa de uma ilusão.
Mas o amor que morreu antes de nascer machuca mais que qualquer outro. Esse amor poderia ter existido. Não era uma ilusão, não era uma miragem. Era desses sonhos reais, sonhos possíveis.
Talvez eu tenha errado. Talvez ele. Talvez os dois, ou nenhum dos dois. Mas o que era tão certo, tão claro, tão perfeito... se desfez. Sem que me desse conta do porquê as nuvens do sonho sumiram do meu mundo.
“Quem sabe o que é ter e perder alguém sente a dor que senti�. E não é simples explicar. Quem sabe o que é sentir saudades do que não viveu? Falta do que não teve? Quem sabe a dor que é sonhar e saber que o sonho poderia ter sido realidade se você não tivesse errado aquela esquina no caminho? E viver das lembranças que não se tem?
Dói. Dói sim, e não venha me dizer que é psicológico. Você se esquece da dor de cabeça? Do pé quebrado? Esquece do corte que está sangrando? Pois saiba que amor não é apenas emocional. Amor nos consome: é o corpo como um todo que ama! A minha dor é física, é um aperto no peito que me lembra a cada segundo o que eu sinto.
Não me julgue por favor! Não me peça pra parar porquê está acima do meu controle. “Não fala do que eu deveria ser pra ser alguém mais feliz�. Deixe eu chorar as minhas lágrimas e vestir meu luto por tudo aquilo que eu queria ter vivido. Assim, aos pouquinhos, a ferida vai cicatrizando. E eu (re)aprendo a amar, um outro amor totalmente novo...

("Não sei viver sem te ter? Não dá mais pra ser assim!")

segunda-feira, outubro 27, 2003

sobre esse bicho estranho chamado mulher

Recebi isso hoje no meu email. D-U-V-I-D-O de qualquer uma que não se identifique com pelo menos uma frasezinha...
Só há uma conclusão possível nisso tudo: a mulher é o ser mais bobo, cego, louco, imprevisível, indescritível e incrível que existe...

MULHERES...
Autora (porque só pode ser umA autorA) desconhecida

Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado,
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio veado?

Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan prá dormir?

Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta, estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga ?

Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?

Que mulher nunca penou
Prá ter a perna depilada,
Prá aturar uma empregada
Ou prá trabalhar menstruada?

Que mulher nunca acordou
Com um desconhecido ao lado,
Com o cabelo desgrenhado
Ou com o travesseiro babado?

Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou, um canalha, por saudade?

Que mulher nunca apertou
O pé no sapato prá caber,
A barriga prá emagrecer
Ou um ursinho prá não enlouquecer?

Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Ou que "dele" não lembra nem o nome?

(Não se envergonhe se se identificar com quase tudo.
Só as mulheres para entenderem o significado deste poema!)

domingo, outubro 26, 2003

I'm sorry, I can't be perfect..

Juro que não resisti.
É que quando eu li essa letra eu simplesmente me vi nela.
Preferia não ter visto, mas esse tipo de coisa não se controla.
(Tem coisas que eu simplesmente não posso mudar sozinha).
Sobre meu Pai e Eu...


PERFECT
Simple Plan

Hey dad look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according to plan?
Do you think I'm wasting my time
Doing things I wanna do?
'Cuz it hurts when you disapprove all along

And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that I'm all right
and you can't change me

'Cuz we lost it all
Nothing last for ever
I'm sorry I can't be perfect
Now it's just too late and we can't go back
I'm sorry I can't be perfect

I try not to think
About the pain I feel inside
Did you know you used to be my hero?
All the days you spent with me
Now seem so far away
And it feels like you don't care anymore

And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't stand another fight
And nothing's alright

Nothing's gonna change the things that you said
Nothing's gonna make this right again
Please don't turn your back
I can't believe it's hard just to talk to you
'Cuz you don't understand

(Apenas olhe pra mim. Tente me ver como eu sou. Apenas tente, se esforce, pare. Pare de gritar, pare de implicar, pare de me ver como VOCÊ acha que eu sou. Apenas seja o que eu quero que você seja, e quem sabe eu também passe a ser o que você gostaria que eu fosse. Por que nós já deixamos de SER o que deveríamos há muito tempo...)

sexta-feira, outubro 24, 2003

das coisas que nunca passam..

Sexta-feira de chuva... ADORO chuva... =]
Hoje nem teve cara de outubro. Pareceu mais uma tarde de junho, daquelas bem frias. Ou agosto, ventando. Acho que foi a compensação pelo calor infernal dessa última semana.
O clima hoje me inspirou. Pra desenhar e pra escrever. Aí vai o resultado da meu momento insight, bem antes da prova de física. Todo mundo estudando e eu escrevendo, eu devo ser louca mesmo. Td bem, eu vou tirar 8... (explosão de alegria!)... Acho que eu acordei inspirada pra tudo hoje. =]

DAS COISAS QUE NUNCA PASSAM...

No princípio era dor: nua e crua. Doía pensar, doía falar, doía chorar e doía também sorrir. Doía viver.
Parece que o mundo vai acabar. Parece que te puseram uma venda nos olhos e te largaram num canto estranho e áspero, onde você não vê, não ouve e não sente nada além do desespero de estar machucado.
Mas aí o tempo passa. Passa devagar, cada segundo longo como um ano inteiro. Mas passa. E você tira a venda dos olhos percebe que o lugar não é tão estranho assim. É até (será que é possível?) meio familiar. Em câmera lenta, as coisas voltam a ganhar cores, os dias voltam a ser claros. E já não dói tanto como antes.

(Pausa)

Tem feridas que nunca se curam. A gente aprende a viver carregando elas, por que de uma maneira que eu não sei explicar, elas simplesmente já fazem parte de nós.

(Não sei quando vou me libertar disso tudo. Ou melhor, sei: nunca. Essa minha ferida não tem cura. A única opção é fingir que ela não está aí, sangrando. É esquecer. E assim, ou eu morro de hemorragia ou crio minha própria anestesia. A gente aprende de tudo na vida, principalmente a viver!)

terça-feira, outubro 21, 2003

regras de viver bem

Hmmm... Tenho até escrito bem nesses últimos dias. O único problema é que a maioria dos textos falam coisas ainda muito íntimas e recentes. São como segredos, que eu disfarço no meio de letras e sinais. Coisas muito minhas, muito pessoais, e que por um motivo ou outro eu ainda não me sinto a vontade pra mostrar a quase ninguém. Muito menos num blog público na internet.
Mas isso passa. Sempre passa. Todos os segredos são assim: uma hora você percebe que não tem mais por quê esconder aquilo. As vezes percebe que quer mesmo é gritar bem alto...
Pra não ficar sem nada, to colocando um texto de um email que eu recebi a pouco tempo. Achei muito fofo. E muito verdadeiro também...

REGRAS DE VIVER BEM

1. Coma somente se tiver fome, durma somente se tiver sono e, em caso de dúvida, fique na sua e siga seu próprio nariz.
2. Abrace muito, beije mais ainda e ria, já que a vida é de graça.
3. Peça - sempre haverá alguém que lhe dará o que você está precisando.
4. Despeça-se do que já passou - quem vive de passado é museu.
5. Pare de se preocupar com o que não pode resolver.
6. Perdoe-se por suas burrices e fracassos.
7. Não perca tempo em discussões inúteis. Ao invés de brigar, cante uma canção, tome um banho longo ou vá dar uma volta de bicicleta no parque.
8. Desista de fazer a cabeça dos outros. Adote a filosofia do CAVALO NA PARADA DE 7 DE SETEMBRO: "andando e sendo aplaudido".
9. Cuide de si mesmo como se estivesse cuidando do seu melhor amigo.
10. Expresse a sua individualidade.
11. Mude algo em si mesmo todos os dias.
12. Abra-se com alguém.
13. Faça alguma coisa que sempre desejou fazer, mas que tinha excesso de vergonha ou falta de coragem para tentar.
13. Cometa erros novos – é sempre tempo de aprender.
14. Simplifique sua vida – de complicados já bastamos nós.
15. Deixe bagunçado.
16. Pare de frescura!!!
17. Acredite no amor – mesmo que ele tenha te ferido 20.000 vezes, lembre-se ele te fez feliz por também 20.000 momentos.
18. Grandes amizades não se perdem em pequenas disputas. Se perderem, é porque não eram nem amizades, muito menos grandes...
19. Quando algo de errado, chore.
20. Depois de chorar, dê um sorriso e se prepare para voltar a ser muito feliz!!!

(Sorria: é a segunda melhor coisa que você pode fazer com a boca!)

domingo, outubro 19, 2003

clarice. clah, para os amigos.

É: aí se foi mais um domingo inútil na minha vida! Domingo não é um dia da semana: é um espaço de tempo entre a alegria do sábado á noite e a preguiça da segunda de manhã onde raramente se faz qualquer coisa além de pensar por que diabos esse dia existe!

Na falta de algo melhor pra fazer, a gente não faz nada. Muitas vezes até se tem (muita) coisa para ser feita, mas há algo no ar do domingo que tira a vontade de fazer qualquer tipo de atividade produtiva: estudar, ler, conversar, sair, pensar, rabiscar, arrumar a zona do quarto, contar estrelas, usar o telefone, brincar com o cachorro. E a gente se limita a respirar, comer e pensar: que horas são? Só que no domingo até o tempo se esquece de passar. São as 24 horas mais longas de toda a semana...

Hoje, o máximo que eu consegui fazer foi esse novo perfil aí ao lado. Ele não é muito direto, nem fácil de entender. Não é um perfil para ser lido, é para ser sentido. Cada palavra é uma sensação, uma visão, um cheiro, um som... Cada palavra é um quadro. Uma coisa bem de Clarice (Lispector), roubada por uma Clarice (Amorim) um pouco menos criativa...

Clarice.

Clah, para os amigos.
Recifense.
Completamente adolescente.
Aos 16.
Aquariana.
Difícil de explicar.
Complicada mesmo.
Quieta.
Viajada.
Calma.
Explosiva.
Inconstante.
Expressiva.
Uma bomba.
Laranja.
Vermelho-sangue.
Verde-azul da cor do mar.
Impaciente.
Inquieta.
Imprecisa.
Lua Cheia.
Pagã.
Outono.
Incenso de Jasmim.
Cheiro de terra molhada.
Maresia.
Os minutos entre o fim do dia
e o começo da noite.
Sonhadora.
Apaixonada.
Perdida.
Mulher.
Menina.
Mil papéis rabiscados.
Eu: incompreensível...

(Sometimes I wish I was brave, I wish I was stronger, wish I could feel no pain... 'Cause I feel so mad, I feel so angry, feel so callous, so lost, confused, just mad. Feel so cheap so used, unfaithful... Let's start over!)


sábado, outubro 18, 2003

confissões..

Gente... Isso aqui tá meio parado né? Provavelmente por que a minha vidinha tá meio parada! A verdade é que eu só sei escrever quando estou nos extremos: extrema alegria, extrema tristeza, extrema loucura e por aí vai. (tô ouvindo "Bitch" agora: "I'm nothing in between". Coincidência?). Tava pensando em publicar um texto que eu escrevi há umas duas semanas, mas ele não é o que se pode chamar de curto, e já é meia-noite, e eu estou morta por causa do Veneza (que por sinal foi perfeito!). Conclusão óbvia: fica pra amanhã. Juuuro que não passa!
Aliás, prometo outra coisa ainda: essa morgação, esse estágio-meio-nem-lá-nem-cá vai passar! Se não aparecer algo ou alguém pra agitar esse meu mundinho eu mesma dou um jeito de revirar ele todinho. E eu garanto como eu sei fazer isso muito bem!
Ah, e pra começar a movimentar um pouco tudo isso, um dos textos de camila que eu A-M-O do fundinho do meu coração. Ela sabe disso. De todos que eu já li dela, esse foi um dos que mais marcaram. Mila, ás vezes parece que fui eu que escrevi, por que é tudo familiar demais...

De: www.milixo.blogger.com.br
30/09/2003

"Posso não receber respostas? Não ser criticada, comentada, citada, ouvida, sentida, só dessa vez? Pronto, eu sei que é confuso de entender, mas pode, pense que eu não sou ninguém, que eu estou só abrindo e fechando a boca, que eu não estou dizendo nada. Evite, ignore, finja: Eu não sou ninguém, me esqueça! Não quero, eu juro, não quero ouvir mais nada!
Eu sei, quando ele fazia isso eu reclamava, mas agora, eu preciso que ele faça! Porque dessa vez eu tô fraca, eu tô frágil.. Tenta entender?" à (meu caderno e suas palavras e folhas machucadas...)

Confissões
O problema (como sempre, esses problemas estão enchendo páginas, ultimamente(??)... Mas quem é que não vive pensando neles?) é que eu sou (isso é uma confissão...) muito romântica! Eu gosto de flores, de cartas, de beijos, abraços, paixões, "Te Amo's", tudo isso. Eu me admiro, me surpreendo, fico besta com os livros escritos no século XIX, a idealização amorosa que eles faziam, aquela idéia de um amor inalcançável, perfeito. Eu sei que por conta disso eu sou criticada, julgada, mas sou eu entendam! E tô já deixando claro que se alguém for se apaixonar por mim, essa sou eu, essa menina patética, com idéias idiotas.
Essa mania que todo mundo tem de querer igualar o mundo que está ao seu redor a você é, pra mim, muito fria e manipuladora. Quer saber? Isso me machuca, por isso que eu penso desse jeito! A insatisfação, carência, falta de qualquer coisa, ou até mesmo essa minha crença de que qualquer (sem o intuito de desmerecer) coisa ou pessoa poderia me completar agora..Todas essas coisas pode ou não serem concepções idiotas, patéticas, fantasiosas, enganosas, ou quem quiser defina com qualquer outro adjetivo ou classificação, já não faz mais diferença, porque no fundo no fundo, isso tudo sou eu! Faz parte de mim... Ah, acho que nasci na época errada!

(Eu quero ficar só, mas comigo só eu não consigo. Eu quero ficar junto, mas sozinho assim não é possível. É preciso amar direito, um amor de qualquer jeito, ser amor a qualquer hora, ser amor de qualquer jeito: amor de dentro pra fora, amor que eu desconheço. Quero um amor maior que eu!)

quarta-feira, outubro 15, 2003

mas pra que tanto sofrimento?

Ai ai...
Ultimamente não tenho tido mais meus acessos de inspiração... =P
Hoje, véspera de feriado, eu em mais uma crise de insônia e nenhuma mísera ideiazinha sobre o que escrever. A coisa mais interessante que eu arranjei pra fazer foi olhar pro céu. Aliás, eu tinha me esquecido de como o céu da meia-noite é bonito!
To com saudades da minha irmã, das besteiras que ela fala e da estupidez tão meiguinha dela... dava tudo pra ouvir um grito agora "Clarice, sua cachorra, você roubou minha blusa de novo!!!" e poder responder "Cachorra é você, e vê se não leva mais meu all star pra sua droga de viagem!!!". A gente ia ter um acesso de risos e ficava tudo resolvido. Irmãs...
To com saudade das minhas amigas também, do jeitinho excêntrico de cada uma delas... Por quê ninguém entra no droga do MSN? =´{
To com saudades de ter com quem falar. To com saudades das horas em que eu não sentia esse vazio, esse estar sozinho...
To com saudades de ter em quem pensar, e de poder ficar com uma cara boba de quem está sonhando acordado (se é que é possível uma cara mais boba que a minha mesma)...
To com saudades... ah... já nem sei mais do quê. Acho que na verdade eu to com saudades é do "EU mais feliz" que eu sei que eu era. E que eu queria voltar a ser bem rápido...

TEMA E VOLTAS
Manuel Bandeira

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se nos céus há o lento
Deslizar da noite?

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se lá fora o vento
É um canto na noite?

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se, agora, ao relento,
Cheira a flor da noite?

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se o meu pensamento
É livre na noite?

(A mim basta voar. Basta cavalgar a cauda dos cometas e saltar de estrela a estrela. Basta deitar no leito branco dessa lua e dormir o sono dos que sonham os sonhos possíveis e realizados. A mim basta voar, e no negro dessa noite me perder, e no negro dessa noite me encontrar: EU, menina perdida...)

segunda-feira, outubro 13, 2003

retratos

Segunda-feiras são sempre iguais... É quase como se o corpo e (principalmente) a cabeça se recusassem a funcionar, num protesto a favor do fim de semana. Tudo que eu queria era uma caminha pra dormir o dia todo!
Aí vai outro textinho velho que escrevi um dia quando saí da Oficina de Literatura. Esperando as meninas pra fazer o Projeto de pesquisa, eu comecei a pensar, e fui escrevendo o que vinha na cabeça. Saiu essa "crônicazinha" que eu A-D-O-R-E-I!

RETRATOS
23.09.03

É uma tarde ensolarada qualquer. Me vejo sentada num cavalete, encostada no muro áspero sob a sombra das trepadeiras, na frente do meu colégio. Será tudo isso só mais um deja vú?
Não. Eu já estive nessa mesma posição há uns três meses atrás. Chovia, e eu quase posso sentir as gotas escorrendo pelos meus cabelos. E eu estava acompanhada.
Pronto, lembrei! E é estranho, por que ao lembrar revivo as sensações daquela tarde. E eu sinto novamente o sangue nas bochechas, lanço o mesmo olhar tímido e desconcertado de outro tempo. Os diálogos não eram muito longos, e por vezes uma frase ou outra do que foi dito retorna à minha mente. “Você sabe que eu gosto de você?�. E o “eu também� que morreu na garganta e não chegou a ser dito.
Mas sabe o que é mais estranho? É que agora, e somente agora, eu tenho a consciência de que tudo isso é apenas uma lembrança. É como olhar uma fotografia de um álbum antigo: rever uma cena, reviver uma sensação e então guarda-la novamente no álbum, para voltar a ver quando quiser. Só que esse álbum é um cantinho da minha alma...
E sabe de uma coisa? Eu não estou chorando. Estou sorrindo! Sorrindo o sorriso bem largo de quem sabe que ainda tem muito nessa vida pra viver, e muitas fotos pra tirar. E que lembranças não são correntes que nos prendem: são as penas das asas que nos deram pra voar!

(Você me avisar, me ensinar, falar do que foi pra você não vai me livrar de viver... Eu disse e nem assim se pôde evitar)

sábado, outubro 11, 2003

foi um show!

Hoje eu acordei de bom humor. As músicas (ainda) estão se repetindo na minha cabeça, uma atrás da outra. E eu (ainda) não estou sentindo muito bem os meus pés e joelhos... Mas quem se importa?
Eu sempre achei que um programa dependia da companhia. Não é para onde se vai, mas com QUEM se vai que realmente importa. É, eu estava errada!
Não é nem PARA ONDE nem com QUEM se sai que pode fazer a noite ser perfeita: é COMO se está. E ontem eu estava feliz. Muito feliz. Muito mesmo!!! Ontem eu queria era brilhar mais que a lua cheia!
"Nós dois temos os mesmos defeitos, sabemos tudo a nosso respeito, somos suspeitos de um crime perfeito mas crimes perfeitos não deixam suspeitos!"
"Eu não pedi pra nascer, eu não nasci pra perder nem vou sobrar de vítima das circunstâncias! Eu tô plugado na vida, eu tô curando a ferida..."
"Nesse caderno sei que ainda estão os versos seus, tão meus que peço, os versos meus tão seus que espero que os aceite. Em paz eu digo que eu sou: o antigo do que vai adiante. Sem mais eu fico onde estou, prefiro continuar distante!"
100, 1.000, 10.000, 17.000 vozes gritando o mesmo refrão, mãos batendo no mesmo ritmo, pulando na mesma altura. Na falta de uma palavra pra descrever melhor, fico com essa: foi um SHOW. Em todos os sentidos...

quinta-feira, outubro 09, 2003

tique-taque

Saindo um pouco do clima meloso que tem me preenchido nos últimos dias, aí vai outro texto bem antigo. É incrível como tem coisas que não mudam, e cada vez que eu releio esses rabiscos antigos eu tenho mais certeza de que eles não envelhecem...

TIQUE-TAQUE
(algum momento entre abril e maio de 2003...)

“Corre filha, que já estamos atrasadas!�
Nunca entendi muito bem o que é o tempo. Ao longo de minha (não muito longa) existência, o motivo pelo qual contamos e nos preocupamos com minutos, horas e dias sempre foi um grande mistério, daqueles que recheiam os pensamentos com milhares de interrogações.
Lembro da primeira vez em que me dei conta da existência (e da suposta importância) do tempo. Os relógios entraram em minha vida junto com a aventura do jardim de infância. Sim, por que até então, pouco me importava se eram 6 da manhã ou 3 da tarde: toda hora era hora de brincar. Sábados e domingos perdiam seu sentido e, contanto que houvesse sol, pouco me importava se estávamos em março ou setembro.
Quanto mais eu avançava na incansável linha dos anos, mais o tempo controlava minha vida. Aos pouquinhos, ele, o relógio, invadiu meu espaço e minha rotina. Quando percebi esse domínio, eu já havia, há muito, deixado o jardim de infância.
Na minha vida de anteprojeto de adolescente tudo era cuidadosamente organizado ao longo dos dias. Acordar, estudar, comer, descansar, telefonar, brincar, dormir: um mero atraso ou mudança transformava em caos minha rotina, além de ser garantia de uma série de reclamações paternas e maternas.
Foi então que, ingenuamente, dei meu grito de independência e afastei de mim o tique-taque dos relógios. Só então percebi que não era apenas a minha vida que estava sendo invadida e controlada. Era o mundo todo!
Ainda que eu me recusasse a observar os ponteiros, sempre um parente ou professor inconveniente fazia questão de denunciar o meu atraso. Ainda que eu dissesse que as segundas eram idênticas aos sábados e os outubros a janeiros, não posso negar que eu preferia os últimos. É, se o mundo se guia por um cronômetro gigante, o que EU posso fazer?
“Vamos logo menina, que já passamos da hora e não podemos mais atrasar!�
Passaram-se muitos anos, meses e horas, e eu ainda não compreendo o porquê desse tempo que seguimos. Não vejo a lógica que faz com que hoje seja quarta e não sexta, que 31 de dezembro seja o último dia do ano ou o porquê do dia seguinte começar à meia-noite e não às 5 da manhã. O relógio em cima da estante me fita, e com seu sorriso enigmático alerta que já não posso mais pensar, pois é hora de ir. Pegunto-me se um dia ele me dará um instante livre para solucionar esse mistério. E enquanto atravesso a porta rumo à obrigação que me chama, algo me diz que quanto mais tentamos cronometrar o nosso tempo, menos tempo temos para cumprir nossa maior tarefa: simplesmente viver, sem mais complicações.
Como uma criança que ainda não conhece o jardim de infância...

(Hold me now, I'm six feet from the edge and I'm thinking: maybe six feet is so far down...)

quarta-feira, outubro 08, 2003

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você...

Quem nunca se apaixonou? Eu vivo me apaixonando... e não trocaria esse meu coraçãozinho bobo por nada no mundo!
Esse poema eu escrevi no meu último surto de paixonite... Já faz um tempinho, mas nunca deixa de ser atual.
Ainda bem!

GALOPE
19/06/03

Emoções são cavalos selvagens
que galopam irresolutos
completos em si mesmos
sozinhos
e absolutos

Não se seguram as emoções
o cavalo selvagem recusa a sela
o ímpeto aprisionado explode
e galopando, atravessa horizontes
mais distantes, tão distantes
que a razão
(qual amazona desmontada)
na sua fúria abandonada
sequer podia imaginar...

Emoções são cavalos selvagens
e assim sempre serão
à emoção encurralada
domada ou selada
resta a decisão:
agonizar lentamente
e morrer como emoção,
ou num golpe, de relance
romper o laço.
Foi-se!
No seu galope inexplicável...

E a história cotinua..

Na verdade, o post passado foi a introdução á uma looonga história, que eu (acredito, ou me faço acreditar que) já terminei de escrever.
Esse poema que vem aí foi escrito num momento de raiva. De muita raiva. De uma raiva quase explosiva, incendiária, homicida. Não vale a pena descrever o contexto, não vale a pena nem lembrar. Por isso, fica apenas a mensagem, o desabafo, o aviso...
AVISO A UM MARINHEIRO
03/07/03
Cuidado, não se engane!
Pois foi-se o tempo da coitadinha,
em que eu chorava quietinha
as minhas mágoas.
Foi-se o tempo da vítima,
em que eu aceitava passiva
o vai e vem da vida,
e das mentes da vida,
que não pensavam duas vezes
antes de me espetar
nos espinhos da rosa
que eu mesma cultivei.
Cuidado, não se engane!
Pois já não sou mais a mesma
e talvez você ainda não perceba
pois se antes fui lago,
tranparência e calmaria,
hoje sou mar:
ora imensidão azul,
ora tormenta negra.

segunda-feira, outubro 06, 2003

TÔ EM CRISE!

Na verdade, esse texto foi escrito no sábado 04 de Outubro... Mas como eu tive de refazer o blog porque não sou a melhor pessoa do mundo com computadores, tive de repostar hoje... Lá vai: a minha re-estréia!

Tô em crise!
Maneira estranha de começar algo, não é? Pois eu sou assim: só começo as coisas quando estou extremamente triste, ou extremamente feliz, ou extremamente estranha. É nessas horas que bate a vontade de fazer uma loucura, de mudar o mundo todo, de me virar ao contrário, de pintar o céu de cor-de-rosa e o mar de laranja-berrante!
Tá, eu sei que isso é excêntrico. Fazer o quê?
Meu humor não está dos melhores... Acordei deprimida não sei por que. Intuição, quem sabe? Tem dias que a gente olha pela janela e pensa sem nem entender porque: por que que eu acordei hoje?
Briguei com minha mãe logo de manhã. Eu tava de mal humor, dando choques. Ela, naqueles dias, sem paciência nenhuma. Fui pra a festinha do meu primo que estava fazendo 1 ano. Pra falar a verdade a festa foi mais pro pai dele do que pra ele. Churrasco+cerveja+velhos. Se não fossem meus primos e minha irmã eu tinha me afogado! Na volta, eu convenço minha mãe a tentar comprar o ingresso do show que eu queira ir. Ela aceita. Chegando lá, o ingresso é 25. Supresa número 1: eu só tenho 20. Surpresa número 2: não tem meia-entrada.
Pára de rir! Não tem graça nenhuma!!! Isso é triste demais...
... Tá. Pensando bem, tem graça sim. É tanto azar que chega a ser cômico. É ridículo.
A única coisa que me consola é saber que todo mundo tem um dia assim. E se hoje não tivesse sido tão ruim, talvez eu não soubesse valorizar o dia maravilhoso que pode ser amanhã. Se não fosse mais de meia noite eu seguiria a idéia maluca de dar um mergulho na piscina e ficaria lá horas só olhando pro céu. Amanhã eu faço isso...
Bom, pelo menos essa crise serviu pra alguma coisa. Comecei esse blog! Pra ser sincera, não sei quem vai se interessar em ler as loucuras que passam na minha cabeça... Mas mesmo assim eu estou feliz por ter escrito tudo isso. Até a crise já está passando. Essa m**** desse dia não foi em vão...

Autopsicografia (Fernando Pessoa.. e eu!)

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não tem.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”

Nesses últimos dias, mais do que nunca, escrever tem me feito bem. Não que antes não fizesse, por que as palavras sempre foram, para mim, um prazer...
Só que agora tem horas em que parece que eu vou explodir. E tem horas que parece que eu vou me afogar num vazio existencial eterno. Nessas horas, eu pego o primeiro papel que aparece e arranjo de qualquer maneira uma caneta. É incrível como as palavras saem automaticamente. Parece loucura, mas eu posso jurar que há uma voz na minha cabeça que vai ditando tudo, e eu escrevo sem parar, sem nem perceber...
Quando eu termino, a sensação é incrivel! Parece que eu tirei um peso de 100 quilos das costas... Tudo o que eu estava sentindo, tudo o que me pertubava, me machucava, tudo o que eu queria esquecer passa da ponta da caneta pro papel, e fica ali, gravado. De repente, aquilo deixa de fazer parte de mim, para fazer parte do mundo...
Eu sei que os meus textos, e o sentimento que eu quis aliviar na hora que os escrevi, não irão ser entendidos por todos. Eu não escrevo para as massas, escrevo para mim. Eu ME escrevo, me transformo em palavras e frases.

E cada um que me interprete a sua própria maneira...