quinta-feira, outubro 14, 2004

utopia

Não quero que me mostrem
as coisas falsas e feias que existem.
As mentiras são quase sempre mais bonitas que a verdade
e enfeitiçam, como borboletas coloridas.
Como a vida é bela aos olhos de um ingênuo!
Como são felizes os tolos...

Não quero que me abram os olhos.
Quero ver o mundo com meus olhos de criança,
e sentir com o corpo sem filtros.
Quero ver as cores
mais intensas do que realmente são,
os sons mais doces,
os sorrisos mais vivos.
Quero sentir o mundo mais morno e macio.
Dispenso ruí­dos, farpas e espinhos, tons de cinza
e tudo aquilo que faz a vida perder a graça.
Dispenso desgraças.

Me deixem com minhas músicas,
minhas rosas mortas
e minhas doces ilusões.

Me deixem tecer a teia tênue das coisas
que amaciam a existência.