quarta-feira, maio 26, 2004

apenas um post..

"Yesterday, love was such an easy game to play.
Now I need a place to hide away.
Oh, I believe in yesterday."


Não, acho que isso aqui não tem um motivo especial pra ser postado.
Não é nenhuma mensagem subliminar, uma metáfora qualquer da minha vida pra se adivinhar.
É só uma música bonita.
Num dia bonito.
Ponto final.

segunda-feira, maio 24, 2004

abaixo os bons conselhos inúteis e pré-frabricados!

Tenho ouvido muitos bons conselhos.
Mas se conselhos fossem bons eram vendidos.
Quer saber? Prefiro os maus, os conselhos transviados, extraviados, extrovertidos.
Os que nunca seriam vendidos, e teriam de ser dados.
Asas de Ícaro (que derretem ao sol)?
Talvez.
Antes voar alto que nunca ter tirado os pés do chão...


BOM CONSELHO
Chico Buarque - 1972


Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar

Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde

Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

quarta-feira, maio 12, 2004

sou a orelha encostada na concha da vida..

Ganhei um livro de um tio-avô meu. Perdas e Ganhos, de Lya Luft. Com de dedicatória. (pausa). Não consigo lembrar a última vez que me deram um livro. (Pausa). Esquece. Só importa que esse é perfeito. Olha a introdução:

Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés so mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério.

A quatro mãos escrevemos o roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

Já me apaixonei...

segunda-feira, maio 10, 2004

vandalismo

To me sentindo meio assim ultimamente... Como quem vê os sonhos e os desejos evaporando, se resumindo e se anulando até virar quase nada. Traduzindo, estou triste. Simplesmente. Cansada de toda essa mesmice e lentidão.
...
...
...
Sem mais.


Vandalismo
Augusto dos Anjos

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longí
quas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

segunda-feira, maio 03, 2004

poética


Tem faltado paciência pra digitar meus rabiscos, que são todos feito à mão... Mas essa semana eu posto mais alguns! Por enquanto, vai esse poema de Manuel Bandeira. Lindo. Aliás, devo ser louca mesmo, estou amando "Estrela da Vida Inteira" enquanto todos estão fugindo... =)

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquí­tico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

sábado, maio 01, 2004

poesia íntima

Ontem teve festa... =)
Foi festa de família, mas que senhora festa viu?
O melhor é quantidade de primos novos que eu descubro nesses lugares... Uns em especial valem muuuito a pena.. ;)
A vida vai indo, no seu passinho lento e desordenado, mas continua indo...
Vou pra aldeia com as meninas daqui a pouco. =)

Mais uma do surto de inpiração:

Poesia Íntima
30.04.04

Quando nasci,
Três fadas aposentadas
Das velhas histórias infantis
Vingaram-se em mim
Do seu esquecimento;
E sussurraram aos meus ouvidos
Encantamentos
Que não esqueci.

Que seja inquieta.
E se não for,
Que a façam ser.
E cada vez que chegar ao topo da colina
Que a Terra se abra sob seus pés
Apenas para que recomece a subida.

Que não tenha o conforto
Dos romances e das utopias,
E que a vida lhe seja real,
Como real é
Um mar de águas frias.

E se a dureza disso tudo
Desesperar,
Que saiba viver a vida
Com a loucura e a coragem
De um suicida.