quarta-feira, agosto 17, 2005

praia vermelha

- Olha, minha filha, daquele lado você vê o Corcovado. Ali! Tá vendo? E aqui mais embaixo é a Urca.. E mais pra lá..
- E essa prainha pequeninha aqui?
- Ah, essa é a Praia Vermelha.

Praia Vermelha. De cara eu já gostei do nome. Vermelho é uma cor tão intensa e tão chiea de vida! De fato, a prainha minúscula e reta tinha um quê de vida que as outras, largas e povoadas, deviam invejar com toda a força. A praia vermelha era única e solitária.

Vista do alto, ela parecia um porto seguro. Como se o mar tivesse aberto ao longo dos séculos uma passagem entre as montanhas rochosas. E ao fim da abertura, a única parte acessível da praia: uma costa curta e reta, onde o mar verde esmeralda se encontrava com uma areia alaranjada e grossa.
Do alto do pão-de-acúcar, eu desejava com toda a intensidade pisar naquele pedaço de terra. Daqui eu só saio se tirar uma foto ali. E tenho dito.

Vista de frente a prainha conseguia ser ainda mais encantadora. Entre os morros, eu me sentia segura e escondida, e o barulho da cidade do Rio se tornava praticamente inaudível. Todo o cosmopolitanismo se reduzia a mais pura expressão da terra: ali, o Rio não era Rio, e não era Brasil. Era terra, água e sol. Só.

- Minha filha, acho melhor você tirar logo essa foto para podermos ir embora. Já vai ficar tarde.
Mas eu não ouvia. Tudo o que eu queria era me perder ali, naquele horizonte mais á frente, onde a muralha se abria ao mar. Ironicamente, foi uma tão prainha pequena que me relembrou a imensidão do mundo. A imensidão de tudo que há além do horizonte. E da segurança que é ter um porto seguro.
Um porto seguro..
Uma praia vermelha.
Uma vida vermelha.

segunda-feira, agosto 15, 2005

sacudindo a poeira

Tipo assim:

"De tudo ficaram 3 coisas:
A certeza de que estamos sempre começando,
A certeza de que é preciso continuar,
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar.

Portanto, devemos fazer
Da interrupção, um caminho novo,
Da queda, um passo de dança,
Do medo, uma escada,
Do sonho, uma ponte,
Da procura, um encontro."

=P~~
Fernando Pessoa é o máximo.






Clarice demorou tanto tempo pra sair da salinha-buraco em que tinha se metido que quase não lembrava mais o quanto era bom passear livre e descompromissada. Foi preciso dar uma corrida, desviar dos soldados de baralho e passar a perna na Rainha de Copas pra tirar a poeira do país das maravilhas. O chapeleiro maluco tem seu crédito. As lagostas e ratinhos também. E o gato?

O gato sorria.
Sorria.
=)


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