praia vermelha
- Olha, minha filha, daquele lado você vê o Corcovado. Ali! Tá vendo? E aqui mais embaixo é a Urca.. E mais pra lá..
- E essa prainha pequeninha aqui?
- Ah, essa é a Praia Vermelha.
- E essa prainha pequeninha aqui?
- Ah, essa é a Praia Vermelha.
Praia Vermelha. De cara eu já gostei do nome. Vermelho é uma cor tão intensa e tão chiea de vida! De fato, a prainha minúscula e reta tinha um quê de vida que as outras, largas e povoadas, deviam invejar com toda a força. A praia vermelha era única e solitária.
Vista do alto, ela parecia um porto seguro. Como se o mar tivesse aberto ao longo dos séculos uma passagem entre as montanhas rochosas. E ao fim da abertura, a única parte acessível da praia: uma costa curta e reta, onde o mar verde esmeralda se encontrava com uma areia alaranjada e grossa.
Do alto do pão-de-acúcar, eu desejava com toda a intensidade pisar naquele pedaço de terra. Daqui eu só saio se tirar uma foto ali. E tenho dito.
Vista de frente a prainha conseguia ser ainda mais encantadora. Entre os morros, eu me sentia segura e escondida, e o barulho da cidade do Rio se tornava praticamente inaudível. Todo o cosmopolitanismo se reduzia a mais pura expressão da terra: ali, o Rio não era Rio, e não era Brasil. Era terra, água e sol. Só.
- Minha filha, acho melhor você tirar logo essa foto para podermos ir embora. Já vai ficar tarde.
Mas eu não ouvia. Tudo o que eu queria era me perder ali, naquele horizonte mais á frente, onde a muralha se abria ao mar. Ironicamente, foi uma tão prainha pequena que me relembrou a imensidão do mundo. A imensidão de tudo que há além do horizonte. E da segurança que é ter um porto seguro.
Um porto seguro..
Uma praia vermelha.
Uma vida vermelha.