mandiga
Rompi de branco, pra trazer sorte.De roupa nova, pra trazer novidades.Sal grosso e incenso na casa,7 sementes de uva na carteira,7 ondinhas puladas no mar,raminhos de arruda na bolsa,amarrados com uma fitinha do Senhor do Bonfim.Comi lentilhas (2 colheres)e tomei banho com chá de alecrim.Rezei pra todos os Santos e Deuses, de Buda à Oxalá,e joguei flores para agradar Iemanjá.Sorte? Nunca é demais.
retrospectiva
2005 acabou.
Comecei o ano em crise existencial profunda. Esse negócio de sair do colégio acaba com qualquer um. É ruptura com toda e qualquer segurança. Passei um mês na praia e me renovei. Fiz 18 anos, e descobri que isso não me fazia mais madura, somente mais velha. O que, entretanto, não faz a idade ser menos legal do que eu imaginava. Comecei a trabalhar, e descobri que isso sim me faria mais madura. A duras penas. Tomei a maior decisão da minha vida. Talvez a primeira realmente independente de todos. E ainda vou arcar com suas consequencias. Conheci um carinha que mexeu comigo. Doce ironia.. Entrei na faculdade depois de meses de espera. Pra me alegrar e me decpcionar, na mesma medida. Comecei a namorar o carinha, mas ainda sem imaginar como ele viria a se tornar importante na minha vida. Me viciei em fotografia. Vício agravado com a compra da câmera. Conheci uma pessoas legais, posers, sarcásticas, engraçadas, interessantes, sinceras e atípicas. Não menciono nomes sobre o risco de esquecer alguém. Fiz amigos. Manti outros. Morri de saudades dos demais. O tempo passa mas o carinho fica. Não tive férias. A universidade e o estágio não me deram esse direito. Mas aproveitei, à minha maneira. Fui ao Rio de Janeiro. Desembarquei sozinha e me senti adulta e perdida. Briguei muito com minha mãe, meu pai e meus irmãos. A raiva sempre foi proporcional ao carinho, embora eu nunca admita. Vi os meses passarem rápidos como nunca. Descobri o que é saudade antecipada numa manhã de outubro. Ganhei uma família nova, e descobri que iria perdê-la em Janeiro. Fugi de casa e dos meus medos e raivas. Mas sempre voltei nas madrugadas e me enfiei na minha cama, que sempre será o lugar mais aconchegante do mundo. Me matei de estudar, de correr, de me ocupar. E aprendi. Muito. Odiei Dezembro profundamente, mais do que nunca. Dezembro foi o fim de um ano que, com seus altos e baixos, com meus amores e ódios, ficou marcado.
Fechei o balanço com o saldo positivo.
2005 valeu a pena.
Que venha 2006. =)
ano novo ano
As vezes eu sou de uma ingenuidade que me comove. A verdade é que eu odeio os fins e amo os começos. Deve ser por isso que começo tantas coisas e termino tão poucas... Com os anos também é assim. Impossível não me sentir um pouco mais leve em janeiro. Um pouco mais esperançosa, mais feliz, mais confiante, mais aliviada. Viver janeiros é a minha melhor terapia.É, é. Eu sei. Ingenuidade pura. Mas são tão tristes os que não a tem em doses moderadas. =)