terça-feira, novembro 08, 2005

no vácuo

No hall da faculdade eu lia meu Neruda despreocupada quando uma voz familiar me interrompeu. Era a amiga de um amigo meu, que conheci à poucos meses atrás, quando nos reunimos todos num encontro de jovens jornalistas e conversamos banalidades entre palestras e coffee breaks. A menina se aproximou com um sorriso sincero no rosto, me chamou pelo nome e perguntou por Paulinho.

Após 1 minuto de conversa, se viu forçada pelos compromissos a dar adeus. Aproximou o rosto do meu (naquele gesto tão familiar) e, entretanto, parou a poucos centrímetros da minha bochecha.

Estranhei. Senti o impulso natural de me jogar um pouco para o lado e forçar o contato, mas a surpresa me conteve com unhas e dentes.

A menina afastou-se e repetiu o mesmo gesto no lado oposto. Não me tocou, novamente. Sorriu, acenou e foi embora pelos corredores tenebrosos do CAC, me deixando para trás com o Neruda nas mãos e a sensação de que nem mesmo o ar ao redor encostava em minha pele. Por minutos, tateei o vácuo.

Ah, essa brasilidade que eu carrego e que me faz desejar o contato.. Que será de mim no dia em que, na rua fria de um país com sotaque estrangeiro, me negarem um abraço?

4 Comments:

Blogger Ban said...

Eu sei exatamente o que vc sente - ao contrário.

Bem, é que eu não suporto que as pessoas me toquem na maioria das vezes...

Na minoria, eu mesma procuro o contato.

Pessoas são estranhas, né?

12:19 PM, novembro 09, 2005  
Anonymous Anônimo said...

que estranha!
nao vc, a moça que nao encostou...



e nao, em sp nao ta tao frio assim... eu tenho 20 dedos, lembra? haha.. mas qq coisa abaixo disso ja nao me faz tao feliz. principalmente qd tenho que esperar uma porra de um onibus por 40 minutos... numa avenida no minimo gigante... com espaço de sobra pro vento brincar ¬¬


chegue batendo, par o/

1:54 PM, novembro 09, 2005  
Blogger Ban said...

é, adoravelmente...

5:06 PM, novembro 09, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Nossa, se ela viesse assim comigo, eu apertava ela num baita abraço, só pra acabar com a minha agonia.

Imagina, não encostar nas pessoas! Eu, hein?

7:16 PM, novembro 09, 2005  

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